19.12.04

É NATAL NO RITZ: WHITE CHRISTMAS, DE IRVING BERLIN


Irving Berlin. O grande Jerome Kern, compositor emérito e que tem a seu favor "apenas" ter inventado o formato clássico de canção popular que vigora até hoje, dizia que Berlin não era só um grande autor da música americana, era "a Música Americana". E muito provavelmente tinha razão.
Nascido numa família judia russa, Berlin decidiu tentar a sua sorte desde cedo. Foi para a América e aos doze anos não sabia uma palavra de inglês. E no entanto...no entanto foi o compositor e autor mais importante do magnífico songbook americano. Fazia letra e música (que aprendeu tocando as teclas negras do piano) e nessa proeza era apenas comparável a Cole Porter. Mas mesmo Porter lhe deve muito (diz-se que foi Berlin a convencê-lo a escrever para a Broadway) e na sua seminal list song You're The Top, o sofisticado Cole presta-lhe homenagem no verso "You're the top/you're a Berlin ballad".
Ao contrário da erudição cosmopolita de Porter ou do perfeccionismo irónico das letras de Lorenz Hart, Berlin reperesentava o americano comum. Escrevia o que todos entendiam, sem letras remissivas. Era o plain joe que ali estava. E quando, a partir de 1943, a Broadway abandonou as intrigas de ricos diletantes para se ocupar dos problemas de toda a gente (com Oklahoma!), Berlin teve o seu apogeu. Antes, escreveu para a Tin Pan Alley - essa fábrica de canções - e para os filmes de Astaire (que considerava o seu modelo de cantor).
White Christmas - que é, por agora o que nos interessa- não será nem a melhor canção de Natal (dou esse lugar a Christmas Song) e muito menos a melhor canção de um homem que escreveu How Deep Is The Ocean, Isn't it a lovely day ou Cheek To Cheek. Mas foi - é - a mais famosa, com o espantoso número de sete milhões de cópias vendidas em 1942, data em que foi editada.
Apareceu no filme Holiday Inn, veículo para Bing Crosby. E a sua particularidade é esta: mais do que uma canção que celebra a quadra é uma canção de saudade, de anseio."Eu sonho com um Natal branco"... Este verso, para um país que tinha os seus homens longe, a combater num conflito mundial, apertava o coração. Nesse sentido, White Christmas é tudo menos o que o Natal deveria ser: melancolia, nostalgia, desejo por satisfazer, desconforto, vontade de regresso. "Natal", aqui, é apenas uma alegoria para "casa". Assim, White Christmas é a canção de Natal que não é sobre o Natal.

White Christmas (Berlin)

I'm dreaming of a white christmas,
just like the ones I used to know
Where the treetops glisten
and children listen
to hear the sleigh bells in the snow

I'm dreaming of a white christmas,
with every christmas card I write
May your days be merry and bright,
and may all your christmases be white


A única versão possível para recomendar é a de Bing Crosby. A canção é dele.
Para mais informações sobre Berlin e White Christmas, ver aqui.



7.12.04

COCKTAIL DO DIA:COSMOPOLITAN



O revivalismo da cocktail culture dos anos 90 fez com que o Cosmopolitan tivesse um regresso em força. E quando Sarah Jessica Parker começou a beberricar o cocktail pelos bares de Nova Iorque em O Sexo E A Cidade, o Cosmo ficou definitivamente como um ícone da cultura pop.
É de facto um cocktail "feminino", se é que tal coisa existe. Sofisticado, urbano, elegante e adocicado, faz pensar em vestidos de noite e perfumes subtis. Minhas senhoras, o Cosmopolitan.

1/4 chávena vodka (há quem coloque vodka com sabor a limão, mas desaconselho vivamente)
2 colheres de Cointreau ou Triple Sec
2 colheres de sumo de amora
1 colher de sumo de lima fresco

Agite os ingredientes num shaker cheio de gelo. Verta para um copo de cocktail préviamente gelado. Como opção, pode colocar na borda do copo um pouco de sumo de amora e depois juntar um pouco de açúcar.

LIVRO DE HONRA DO RITZ

«And I don't have a drinking problem/'cept when I can't get a drink»

Tom Waits
Site Meter