18.1.06
10.1.06
CANÇÕES DO RITZ:NEVER GONNA DANCE
Never Gonna Dance é mais uma pérola e um modelo de como fazer canções, cortesia do grande Jerome Kern - de quem já falámos - e da extraordinária letrista que foi Dorothy Fields. Incluída no filme Swing Time, de 1936 - onde se poderá saber mais aqui - Never Gonna Dance quase que passa despercebida, tão bem acompanhada que está por duas das maiores canções do American Songbook: A Fine Romance e o belíssimo The Way You Look Tonight. Mas não deixa de ser o momento mais dramático do filme, e uma das melhores - senão a melhor - sequência de dança. Ginger Rogers escolheu esta cena como a sua favorita, e não é por acaso.
Quanto à canção, é das mais sombrias que a dupla Fields/Kern escreveu. A melodia é complexa - trademark de Kern, que conseguia miraculosas ligações entre os versos e as 'bridges' das suas canções- , mas permanece uma enorme canção de amor. Sem um tostão, Astaire abdica de uma paixão por outra maior: o seu amor por Rogers. O "wolf" - a penúria - não lhe tirou tudo: ficou-lhe o coração, que o usa para amar desmedidamente, esquecendo o que mais amava. Simplesmente brilhante e um finissimo traço de humor ("my dinner clothes may dine where they please/For all I want is you"), característica essencial de todas as letras de Fields.
"Never Gonna Dance"
music by Jerome Kerns and words by Dorothy Fields
Though, I'm left without a penny,
The wolf was discreet.He left me my feet.And so,
I put them down on anything
But the la belle,
La perfectly swell romance.
Never gonna dance.Never gonna dance.Only gonna love.Never gonna dance.
Have I a heart that acts like a heart,
Or is it a crazy drum,
Beating the weird tattoos
Of the St. Louis Blues?
Have I two eyes to see your two eyes
Or see myself on my toes
Dancing to radios
Or Major Edward Bowes?
Though,
I'm left without a penny,
The wolf was discreet.
He left me my feet.And so,
I put them down on anything
But the la belle,
La perfectly swell romance.
Never gonna dance.Never gonna dance.Only gonna love.Never gonna dance.
I'll put my shoes on beautiful trees.
I'll give my rhythm back to the breeze.
My dinner clothes may dine where they please,
For all I really want is you.
And to Groucho Marx I give my cravat.
To Harpo goes my shiny silk hat.
And to heaven, I give a vow
To adore you.
I'm starting now
To be much more positive.
That's....
Though,
I'm left without my Penny,
The wolf was not smart.
He left me my heart.And so,
I cannot go for anything
But the la belle,
La perfectly swell romance.
Never gonna dance.Never gonna dance.Only gonna love you.
Never gonna dance.
COMUNICADO DA GERÊNCIA
Após ter fechado as suas portas por cerca de um ano, o Ritz reabre hoje. Nesta altura de crise e depressão colectiva, era urgente um escapismo gratuito. Nada melhor do que saborear os nossos cocktails e assistir às actuações dos artistas residentes. Como sempre, o smoking e vestido de noite é obrigatório. Um bom 2006 para os nossos novos e habituais clientes.
1.4.05
LIVRO DE HONRA DO RITZ
«A woman led me to drink, and I never had the chance to thank her»
W.C. Fields
W.C. Fields
14.1.05
COMUNICADO DA GERÊNCIA
Após uma significativa ausência - que permitiu, entre outras coisas, umas férias pedagógicas nas Bahamas ao nosso chefe de bar - o Ritz volta a abrir as portas. Esperamos ansiosamente pela generosidade habitual dos nossos clientes e prometemos mais trabalho e assiduidade. Para já, e a seguir: Lorenz Hart e My Funny Valentine. Bom 2005.
19.12.04
É NATAL NO RITZ: WHITE CHRISTMAS, DE IRVING BERLIN
Irving Berlin. O grande Jerome Kern, compositor emérito e que tem a seu favor "apenas" ter inventado o formato clássico de canção popular que vigora até hoje, dizia que Berlin não era só um grande autor da música americana, era "a Música Americana". E muito provavelmente tinha razão.
Nascido numa família judia russa, Berlin decidiu tentar a sua sorte desde cedo. Foi para a América e aos doze anos não sabia uma palavra de inglês. E no entanto...no entanto foi o compositor e autor mais importante do magnífico songbook americano. Fazia letra e música (que aprendeu tocando as teclas negras do piano) e nessa proeza era apenas comparável a Cole Porter. Mas mesmo Porter lhe deve muito (diz-se que foi Berlin a convencê-lo a escrever para a Broadway) e na sua seminal list song You're The Top, o sofisticado Cole presta-lhe homenagem no verso "You're the top/you're a Berlin ballad".
Ao contrário da erudição cosmopolita de Porter ou do perfeccionismo irónico das letras de Lorenz Hart, Berlin reperesentava o americano comum. Escrevia o que todos entendiam, sem letras remissivas. Era o plain joe que ali estava. E quando, a partir de 1943, a Broadway abandonou as intrigas de ricos diletantes para se ocupar dos problemas de toda a gente (com Oklahoma!), Berlin teve o seu apogeu. Antes, escreveu para a Tin Pan Alley - essa fábrica de canções - e para os filmes de Astaire (que considerava o seu modelo de cantor).
White Christmas - que é, por agora o que nos interessa- não será nem a melhor canção de Natal (dou esse lugar a Christmas Song) e muito menos a melhor canção de um homem que escreveu How Deep Is The Ocean, Isn't it a lovely day ou Cheek To Cheek. Mas foi - é - a mais famosa, com o espantoso número de sete milhões de cópias vendidas em 1942, data em que foi editada.
Apareceu no filme Holiday Inn, veículo para Bing Crosby. E a sua particularidade é esta: mais do que uma canção que celebra a quadra é uma canção de saudade, de anseio."Eu sonho com um Natal branco"... Este verso, para um país que tinha os seus homens longe, a combater num conflito mundial, apertava o coração. Nesse sentido, White Christmas é tudo menos o que o Natal deveria ser: melancolia, nostalgia, desejo por satisfazer, desconforto, vontade de regresso. "Natal", aqui, é apenas uma alegoria para "casa". Assim, White Christmas é a canção de Natal que não é sobre o Natal.
White Christmas (Berlin)
I'm dreaming of a white christmas,
just like the ones I used to know
Where the treetops glisten
and children listen
to hear the sleigh bells in the snow
I'm dreaming of a white christmas,
with every christmas card I write
May your days be merry and bright,
and may all your christmases be white
A única versão possível para recomendar é a de Bing Crosby. A canção é dele.
Para mais informações sobre Berlin e White Christmas, ver aqui.
7.12.04
COCKTAIL DO DIA:COSMOPOLITAN
O revivalismo da cocktail culture dos anos 90 fez com que o Cosmopolitan tivesse um regresso em força. E quando Sarah Jessica Parker começou a beberricar o cocktail pelos bares de Nova Iorque em O Sexo E A Cidade, o Cosmo ficou definitivamente como um ícone da cultura pop.
É de facto um cocktail "feminino", se é que tal coisa existe. Sofisticado, urbano, elegante e adocicado, faz pensar em vestidos de noite e perfumes subtis. Minhas senhoras, o Cosmopolitan.
1/4 chávena vodka (há quem coloque vodka com sabor a limão, mas desaconselho vivamente)
2 colheres de Cointreau ou Triple Sec
2 colheres de sumo de amora
1 colher de sumo de lima fresco
Agite os ingredientes num shaker cheio de gelo. Verta para um copo de cocktail préviamente gelado. Como opção, pode colocar na borda do copo um pouco de sumo de amora e depois juntar um pouco de açúcar.
LIVRO DE HONRA DO RITZ
«And I don't have a drinking problem/'cept when I can't get a drink»
Tom Waits
Tom Waits
19.11.04
ESTA NOITE, NO RITZ LOUNGE:...ROBERT MITCHUM?
Que era um excelente actor, já todos o sabíamos: bastaria a sua participação no supino The Night Of The Hunter/A Noite do Caçador (1955) para garantir a sua imagem no altar do bom gosto.Mas quantos sabiam que Robert Mitchum foi também um emérito lounge singer ?
Bom,para dizer a verdade - muitos. Há algum tempo que o seu disco Calypso- Is Like So...(Capitol, 1957/Scamp, 1995) é objecto de culto entre os fanáticos da easy listening, modalidade Exótica.
Diz a lenda que Mitchum apaixonou-se pelo calypso enquanto filmava Fire In The Hole. A Capitol - editora de Dean Martin e Sinatra - soube da paixão e quis torná-la realidade...facturando assim à boleia do então muito popular Harry Belafonte. Surgiu então o extraordinário Calypso..., em que o actor dá o seu melhor num registo de Dean Martin-e-Harry-Belafonte-após-terem-emborcado-sete-garrafuchas-de-rum.
A seminal The Essential Guide To Martini Music and Easy Listening, da Music Hound, refere que os efeitos da audição do disco "deixam o ouvinte na dúvida entre o atirar-se à pista de dança ou o rir alto". Eu tive o privilégio de ouvir - e é uma mistura dos dois.
Mesmo assim, Calypso...contém pérolas como I Learn the Merengue, Mama ou o maravilhoso What Is This Generation Coming To ?
Não é preciso ser um génio da semiótica para adorar aquela capa: um Mitchum versão arrasa-corações contracena com uma bela nativa em fundo e uma garrafa de rum em primeiro plano.
A breve carreira de cantor de Robert Mitchum terminou em 1967, mas a memória perdura.Tentem a vossa sorte aqui.